Isabella
Desde o último sábado que estou totalmente envolvida com o trágico e cruel assassinato desta menina. Leio tudo, vejo as fotos. Estou totalmente arrasada, chocada, revoltada, doída. Mas ao ler a matéria que se segue, tudo veio abaixo. Como pode haver tamanha crueldade? Como um ser infeliz deste consegue proseguir depois do primeiro ato de maldade? Tudo leva a crer que a pequena foi jogada pela janela numa tentativa de esconder a tentativa de asfixia e as outras agressões. Há coisa mais monstruosa do que um segundo crime para encobrir o primeiro? Uma encenação depois? Nada, nada de arrependimento? Nem coragem de assumir o que fez? Ser tão mau assim, tão cruel assim, é antes de tudo, uma questão de escolha. Opção. Cadê os direitos humanos das vítimas?
Acredito em Deus. Acredito nos seres humanos. Mas nesta última semana tive mais uma vez a certeza que minha crença diante de tanta maldade fraqueja. Por quê? Por que um anjinho tão inocente tem que sofrer assim? Não consigo nem mais escrever. É tudo somente dor, dor, dor.
Isabella Querida, nos perdoe.
04/04/2008 - 12h21
Para promotor, depoimentos do caso Isabella apresentam contradições
Da RedaçãoEm São Paulo*
Atualizado às 14h31
Os depoimentos do casal Alexandre Carlos Nardoni e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá apresentam contradições com versões de testemunhas ouvidas pela polícia, no caso da menina Isabella, de 5 anos, morta no último sábado, segundo o Promotor de Justiça, Francisco Cembranelli.
Em entrevista coletiva concedida em São Paulo, o promotor chegou a afirmar que existem trechos "bastante fantasiosos" nos depoimentos do casal. "Não posso comentar o conteúdo, mas posso dizer que algumas versões já foram rechaçadas pelas testemunhas", disse.
O promotor disse que será necessária uma acareação entre o pai da menina, a madrasta e outras testemunhas. O promotor, entretanto, não forneceu outros detalhes sobre a acareação.
A prisão temporária de Alexandre e Anna Carolina foi feita para evitar contato com testemunhas e local de moradia e sanar pontos obscuros da investigação. "O casal solto poderia comprometer a investigação de fatos importantes", explicou.
O casal está preso preventivamente, em celas isoladas, por proteção. O isolamento foi uma precondição exigida pelos advogados do casal para que se apresentassem à polícia, atendendo ordem judicial. Anna Carolina está no 89º Distrito Policial, no Morumbi, zona sul da capital paulista, e Alexandre, no 77º Distrito Policial, em Santa Cecília, centro de São Paulo.
Cembranelli revelou alguns detalhes que estão sendo investigados pela polícia. Um deles é uma contradição de Alexandre, que no dia do crime afirmou que a porta de sua casa havia sido arrombada. A polícia não encontrou nenhum sinal de arrombamento. Além disso, o promotor também contou que testemunhas ouviram uma briga de casal momentos antes da morte da garota.
Acidente descartado
O Ministério Público descarta a hipótese de acidente e considera clara a existência de um crime.
Para Cembranelli, tanto a polícia quanto o Ministério Público estão sendo cautelosos e que ainda é muito cedo para atribuir a responsabilidade do crime a alguém. O trabalho de perícia está quase concluído, mas 30 testemunhas ainda serão ouvidas. "Os laudos sendo elaborados e acredito que não haverá demora na conclusão", afirmou.
Investigadores da polícia revelaram que vestígios de sangue foram encontrados por uma equipe do Instituto de Criminalística (IC) dentro do Ford Ka do casal Alexandre Carlos Nardoni e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá e no apartamento no 6º andar do edifício Residencial London - de onde a menina Isabella, de 5 anos, teria sido jogada. O delegado titular do 9º DP, Calixto Calil Filho, trabalha com a hipótese de homicídio, apontando que há fortes indícios de que a criança tenha sido arremessada por alguém.
Foram encontradas marcas de sangue na maçaneta da porta da sala e no hall de entrada. Também foram coletados fios de cabelos que estavam no chão da sala e peças da roupa que Alexandre usava naquele sábado que estavam no banheiro do apartamento ao lado, que pertence à irmã dele. Ainda não se sabe de quem e de quando são as marcas de sangue, que serão agora analisadas por meio de testes de DNA.
Os policiais acreditam que essas evidências irão compor um cenário mais preciso do caso para responder às muitas questões que não foram explicadas pelos depoimentos. Os peritos também conseguiram determinar que o sangue encontrado no dia do crime no lençol do quarto em que a menina teria sido deixada dormindo caiu de alguma pessoa que estava em pé ou sendo carregada.
Os peritos procuraram por provas no apartamento das 20h30 de quarta-feira até 1 hora da madrugada de quinta-feira. Eles usaram um composto químico conhecido como luminol - em contato com sangue, ele reage e libera uma luz verde ou azulada, indicando marcas de sangue que seriam imperceptíveis a olho nu. Segundo um investigador, a polícia ainda não tem outros suspeitos do crime além do casal.
Laudo deve confirmar asfixia
O rascunho do laudo 1.081, que será feito pelo médico Laércio de Oliveira Cesar com o auxílio de dois colegas, reforça a tese que a Isabella foi asfixiada por esganadura ou sufocamento e teve um osso da mão esquerda quebrado, provavelmente por meio de uma torção. Legistas consultados pelo Jornal da Tarde disseram que os indícios de asfixia são cinco. O primeiro é uma lesão cervical importante, que pode ter sido provocada com as mãos no pescoço (esganadura) ou com a mão ou algum outro objeto cobrindo a boca e o nariz (sufocamento).
No pulmão, os exames constataram manchas de Tardieu e Paltauf - lesões provocadas pela asfixia. Havia ainda pequenas manchas vermelhas no coração (chamadas de petéquias), e as extremidades dos dedos da menina estavam arroxeadas. Por fim, a língua de Isabella estava entre os dentes. Todos esses são sinais de asfixia.
No caso do osso da mão, a lesão teria ocorrido por torção, e havia sinais de que a fratura ocorreu quando a garota estava viva. Além disso, foi encontrada pequena hemorragia no cérebro. "Isso é comum nos casos do que chamamos de síndrome de criança espancada", disse um legista.
No corpo, havia um machucado no antebraço direito, como se ele tivesse enganchado na tela de proteção da janela ou como se ela tivesse tentado se agarrar. Por fim, havia um corte na cabeça. Não havia hemorragia interna importante no tórax ou no abdome. A inexistência de fraturas na criança, apesar da queda do 6º andar, é explicada pelo local em que ela caiu (gramado do jardim do prédio) e pela flexibilidade dos ossos infantis. Para o legista, a queda provocou a parada cardíaca.
*Com informações da Agência Estado
Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/2008/04/04/ult23u1712.jhtm
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