João Saldanha
" ... Fui contrabandista de armas aos seis anos de idade, líder estudantil aos 20 anos, dono de cartório aos 33, membro do Partido Comunista Brasileiro a vida toda. Também fui jogador e técnico de futebol, campeão de basquete, jornalista, comentarista de rádio e televisão, analista de escola de samba, escritor, co-autor de enciclopédia, ator de cinema, candidato a vice-prefeito. Participei da Grande Marcha com Mao Tsé-tung, desembarquei na Normandia com Montgomery. Casei-me cinco vezes. Briguei muito e nunca levei a pior. Assisti a todas as Copas do Mundo ... Isso dizem que eu fui: um grande personagem. Contraditório como costumam ser alguns deles. Lúcido e confuso ao mesmo tempo. Inteligente e ingênuo. Gentil e explosivo. Justo e absurdo. O melhor dos amigos e o pior dos inimigos. Um apaixonado pela verdade caminhando sobre nuvens de fantasia. É o que dizem. Parece que vivi várias vidas, sempre entre a lenda e a realidade. Muito querido, reconheço, mas desconfio de que bem mais como mito do que como ser humano".
"Foi amor a primeira vista. João Saldanha, então com 14 anos, apaixonou-se pelo Rio assim que viu o Corcovado, o Pão de Açúcar, o mar e a areia então muito branca de Copacabana. O Rio era de fato uma cidade maravilhosa, com o poder de transformar em carioca todo não-carioca que nela desembarcasse. O capixaba Rubem Braga - outro forasteiro que o Rio adotou - assim definiu, num instante de saudade, seu amigo João Saldanha: "Um cara que não perdeu aquele topete gaúcho e incorporou muito da malícia carioca."
In "João Saldanha : sobre nuvens de fantasia", de João Máximo, que comecei a a ler esta manhã.
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home