"O povo tinha de ter o mesmo acesso à educação que tem a esses avanços tecnológicos"
“Toda vez que vou a um restaurante, pelo menos uma pessoa pede para eu me levantar e tirar uma foto com ela. E, agora, todo mundo tem celular que tira foto. Mas se eu começar a ficar nervoso com essa falta de educação, vou ficar mal com a minha vida. Mas confesso que está difícil. Parece que hoje em dia é aceitável uma pessoa atender ao celular, do seu lado, no cinema. Acabo saindo totalmente da história do filme para ouvir uma moça falando que está faltando ‘alface crespa na casa dela’. E há vários exemplos. Uma vez, em Belém, tive de interromper a peça ‘Dois na gangorra’ porque alguém na platéia não parava de tirar fotos, e com flash. Reclamei e fui aplaudido. Mas depois ficou um clima ruim. O povo tinha de ter o mesmo acesso à educação que tem a esses avanços tecnológicos. Antigamente, quando ouvia um celular tocando no cinema, pensava: ‘Gente, deve ser um transplante de coração e o órgão acabou de chegar!’ Mas não é nada disso. Então, mudei os meus horários de cinema. Tento ir só às segundas-feiras, depois do almoço. Final de semana é programa de índio. E é impressionante também a falta de qualidade das salas. Essa onda americana de Multiplex não colou aqui. Outro dia só havia dois funcionários atendendo a mais de 300 pessoas! Perdi 20 minutos do filme por causa disso.”
(Murilo Benício em reportagem ao jornal O Globo, Revista da TV, 18 de março de 2007)
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