Luto fechado/Saudade
Silênico
Cecília Meireles
Quem passa debaixo de minha janela ultimamente não ouve nada:
só o silêncio.
Eu o guardo como luto fechado em meu peito amarrado com tristeza, barbante e saudade.
Aqui dentro, ele dorme como uma cão vigia.
Meu grande medo é seu sobressalto
ai de mim, se toma de assalto!
Quem por aqui passa não nota
o meu lento e cuidadoso movimento
só mesmo o barulho do vento.
Não quero lembrar que eu existo
Ultimamente só quero silêncio.
Silêncio...
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