Minha foto
Nome:
Local: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil

Sonhadora


Reúno aqui, palavras, idéias e sentimentos. Se algum deles for seu e você não quiser que aqui estejam, me avise. Se algum deles for de alguém e estiver sem crédito, me conte. Espero que algum texto lhe toque assim como me tocou.


19 junho 2008

Isabella

Testemunhas de defesa de casal Nardoni serão ouvidas nos dias 2 e 3 de julho
Fabiana Parajara, O Globo Online, Diário de S.Paulo


SÃO PAULO -O juiz Maurício Fossen, do 2º Tribunal do Júri, marcou para os dias 2 e 3 de julho os depoimentos das testemunhas de defesa do pai e da madrasta de Isabella, Alexandre Nardoni, 29 anos, e Anna Carolina Jatobá, 24. Prestarão depoimento 32 pessoas, que se dividirão nos dois dias. Outras três poderão ser convocadas pelo juiz.

As 16 testemunhas de acusação prestaram depoimento nesta terça e quarta-feira. Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella disse à Justiça que a própria família de Alexandre Nardoni se mostrava temerosa em relação ao comportamento de Anna Carolina Jatobá, madrasta da menina. Ela contou que a tia da menina, Cristiane, por várias vezes, dormiu no apartamento do casal com a criança. Segundo ela, havia receio das crises de ciúmes da madrasta. A mãe de Isabella quis falar na presença do casal, que ficou sentado a poucos metros dela, algemado.

Nove pessoas foram ouvidas quarta. Por duas vezes, os advogados de Alexandre e Anna Carolina fizeram perguntas sobre a presença do tenente Fernando Neves, um dos primeiros a chegar ao local do crime. O tenente Neves se matou em maio, logo após ser acusado de participar de uma rede de pedofilia em São Paulo.

De acordo com o Tribunal de Justiça, pela manhã, na carceragem, o casal trocou poucas palavras. Permaneceu em silêncio a maior parte do tempo nas celas separadas, que ficam uma em frente à outra. No dia anterior, os dois chegaram a conversar e até deram risadas, segundo pessoas que presenciaram os depoimentos.

Durante o depoimento nesta quarta-feira, a defesa de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá tentou levantar suspeitas sobre a própria mãe de Isabella, Ana Carolina Oliveira. Os advogados perguntaram se ela havia trocado de roupa ao sair do hospital para a delegacia, após a morte da filha, e se ela conhecida alguém que trabalhasse no 9º Distrito Policial, responsável pela investigação do crime.

A avó de Isabella também depôs. Rosa Maria Oliveira, disse que incentivou o rompimento da filha com Alexandre Nardoni e disse que a madrasta odiava a sua filha. Segundo ela, além de suspeitar que Alexandre estava saindo com outra pessoa, Ana Carolina descobriu que o rapaz tinha 75 cheques devolvidos. Ana Carolina teria levantado a informação quando começou a trabalhar em uma empresa de segurança. O rompimento do casal aconteceu quando Isabella tinha apenas 11 meses. Segundo Rosa Maria, Isabella não contava o que acontecia na casa do pai aos fins de semana.

Durante o depoimento de Rosa, Alexandre levou várias vezes as mãos à cabeça e a balançou negativamente.

O síndico do Edifício London, Antônio Lúcio Teixeira, trouxe uma nova informação ao caso. Segundo ele, o irmão de Isabella, Pietro, de 3 anos, teria negado a presença de um ladrão no apartamento da família na noite do crime . A presença de uma outra pessoa no apartamento é o principal argumento da defesa para inocentar o pai e a madrasta, acusados pela morte da menina.

Teixeira contou que foi procurado por um outro morador do prédio, chamado Jéferson, que ficou alguns minutos com Pietro na portaria do edifício na noite do crime.

Jéferson não foi chamado pela polícia para depor e teria pedido a Teixeira que contasse ao juiz a conversa que teve com o menino - o promotor Francisco Cembranelli disse que Jéferson ainda poderá ser chamado pelo juiz para prestar depoimento.

O morador teria perguntado à criança se um ladrão havia entrado no apartamento dele e o que teria feito a irmã, Isabella. Segundo Jéferson, Pietro respondeu a primeira pergunta dizendo "não" e apenas soluçou quando questionado sobre a irmã.

Nesse momento, Anna Carolina Jatobá teria se aproximado do rosto do marido e dito: "Quero que Pietro seja escutado"

Das testemunhas que prestaram depoimento nesta quarta, oito foram listadas pelo promotor Francisco Cembranelli e duas foram convocadas diretamente pelo juiz - o pai de Ana Carolina Oliveira, que acabou não sendo ouvido, e um taxista que teve o nome mantido em sigilo. O taxista disse ao juiz que teve contato com Anna Carolina Jatobá, que durante a corrida acabou se desafando sobre o relacionamento com a menina Isabella.

- Esse taxista é um bom fisionomista, tanto que se lembrou de um funcionário do fórum que ele havia visto há 10 anos, quando estava envolvido em uma ação familiar - disse Cembranelli.


Publicada no Globo Online em 19 de junho de 2008, às 00h05m