Achados e Perdidos

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Sonhadora


Reúno aqui, palavras, idéias e sentimentos. Se algum deles for seu e você não quiser que aqui estejam, me avise. Se algum deles for de alguém e estiver sem crédito, me conte. Espero que algum texto lhe toque assim como me tocou.


23 março 2009

Isabella





Presa proíbe visita de filha de 6 anos após olhar de madrasta de Isabella

Quase um ano após a morte de Isabella Nardoni, 5 anos, o pai e a madrasta da menina, acusados pelo crime, são isolados até por seus companheiros de prisão. O casal está preso desde 7 de maio de 2008. O crime completa um ano no próximo domingo. Nesta terça, o Tribunal de Justiça (TJ) julga mais um recurso da defesa do casal, que pede a anulação da decisão que os mandou a júri popular. No presídio feminino de Tremembé, uma detenta proibiu a visita da filha de 6 anos depois que Anna Carolina Jatobá, acusada de esganar Isabella, lançou um olhar sobre ela.

- Eu trouxe minha neta para ver a mãe. Quando entramos, a Anna encarou a menina com cara esquisita. Ela viu a Isabella - disse a mãe da detenta.

E emendou:

- A menina é linda. Todo mundo fala que elas se parecem. A mãe ficou doida da vida, nem olha na cara da Anna.

Nos dias de visita, Anna Jatobá espera pelos pais na cela. O marido de uma presa diz que ela fica sozinha e começa a chorar quando os pais chegam.

- Parece que é meio forçado - disse ele.

Neste domingo, a mãe de Isabella, Ana Carolina de Oliveira, afirmou em entrevista ao Fantástico, da TV Globo, que pretende ter outro filho.

Alexandre Nardoni é conhecido pela sua tranquilidade e isolamento na cadeia. Segundo a mulher de um detento, ele é provocado pelos companheiros de cela. Quando alguma reportagem sobre o caso passa na TV, os presos provocam e xingam Nardoni. Ele nunca reage.

Próximo à cela de Nardoni está um preso acusado de pedofilia, apelidado de Lanchinho: ele oferecia sanduíches para que as crianças entrassem em seu carro.

- Os presos ficam dizendo para o Nardoni jogar o Lanchinho pela janela também. Ele olha e abaixa a cabeça.

Carcereiros contam que Nardoni não dá trabalho. Acorda no horário e cumpre os deveres sem reclamar.

- Fala pouco. Às vezes parece estar em outro mundo.

Isolados pelos presos, Alexandre e Anna Carolina continuam a receber apoio da família. Todos os dias de visita, seja sábado ou domingo, seus pais vão até Tremembé, a 135 km de São Paulo, para visitá-los.

Os pais de Alexandre, por exemplo, já estiveram 43 vezes na cidade para vê-lo na Penitenciária II.

Os pais de Anna Jatobá dificilmente mostram os rostos. Segundo vizinhos da cadeia feminina, a mãe sempre cobre a face e usa óculos escuros. O pai, Alexandre Jatobá, às vezes se expõe. Ontem, eles chegaram às 12h10m e entraram encapuzados, carregando duas sacolas de jumbo - comidas, bebidas e material de higiene pessoal. Ambos se recusaram a falar.

Já os Nardoni estão sempre com a cara limpa, carregando grandes sacolas com o jumbo do filho. O pai, o advogado Antônio Nardoni, puxa um carrinho para facilitar o transporte. Eles chegam cedo e são os últimos a sair. Ontem, não foi diferente. O advogado e sua mulher, Aparecida, entraram na cadeia por volta das 10h e ficaram até o fim do horário de visita, às 16h. E também não quiseram falar.

Isabella foi jogada pela janela do sexto andar do apartamento onde o pai vivia com Anna Jatobá e os dois filhos deles, na Vila Mazzei, Zona Norte da capital. Neste domingo, na chegada à prisão, a mãe de Alexandre foi questionada sobre a data da morte da neta por várias pessoas. Ela respondeu que o filho é inocente e revelou que ele não assiste aos programas de TV que abordam o caso. Depois, começou a chorar. Na saída, após ver o filho, parecia mais tranquila.


19 março 2009

Dinheiro de Clodovil será usado para construir casa para órfãos

Dinheiro de Clodovil será usado para construir casa para órfãos



SÃO PAULO - O testamento deixado pelo estilista e deputado federal Clodovil Hernandes (PR-SP) , de 71 anos, informa que seu patrimônio, de cerca de R$ 1,8 milhão, será usado para erguer uma entidade destinada à educação de órfãos. O orfanato deve se chamar Casa Clô. A ideia foi revelada pela advogada Maria Hebe Pereira de Queiroz, que fez o testamento em 2006. Vítima de um acidente vascular cerebral (AVC), Clodovil foi enterrado na quarta-feira no Cemitério do Morumbi, Zona Oeste da capital, após ter o corpo velado na Assembleia Legislativa.

O patrimônio de Clodovil inclui uma casa de R$ 900 mil em Ubatuba, a 224 quilômetros da capital, e uma residência na Granja Viana, em Cotia, na Grande São Paulo, que vale R$ 800 mil. Mas esse último imóvel pode deixar de fazer parte do patrimônio, porque o IPTU não é pago desde 1998.

Também consta na herança um carro Mitsubishi estimado em R$ 85 mil. A advogada, no entanto, avisa que a casa de Ubatuba deve ser aberta a visitações. Os oito cães que estão no local serão dados a amigos de Clodovil.

Mas o patrimônio do político pode aumentar, já que a advogada Maria Hebe move ações trabalhistas contra a Rede TV! e a Bandeirantes. Segundo ela, o valor das indenizações pode chegar a R$ 2,7 milhões. O setor jurídico da Bandeirantes anunciou que só irá se manifestar sobre o caso em juízo. O advogado Artur Jacobelli, da RedeTV!, disse que a empresa irá recorrer da decisão até segunda-feira.

Clodovil apresentou o programa "Clodovil Soft", na Bandeirantes, em 1998. Mas o quadro só ficou no ar por dois meses. Clodovil estreou na Rede TV! com "A Casa É Sua", em 2003. Foi demitido em 2005.

A advogada Maria Hebe revelou o teor de uma conversa que teve recentemente com Clodovil. Consciente dos problemas de saúde, o deputado teria dito, em tom de brincadeira, que o dinheiro deveria ser colocado sobre o seu caixão. "Aí ele disse que não tinha problema, porque eu iria fazer o que ele pediu, criando a Casa Clô."


http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/03/19/dinheiro-de-clodovil-sera-usado-para-construir-casa-para-orfaos-754901594.asp

Publicada em 19/03/2009 às 10h06m

17 março 2009

Clodovil Hernandes



Clodovil Hernandes (Elisiário, 17 de junho de 1937 — Brasília, 17 de março de 2009)

Descanse em paz.

03 março 2009

James G. Smith: o americano tranquilo, ou, Um bom motivo para não sermos antiamericanos


Preconceito no consulado
James G. Smith


Sou um cidadão norte-americano e resido no Rio de Janeiro.

Em dez anos, requeri e obtive vistos brasileiros, primeiro como turista e, agora, como residente, devido à minha aposentadoria.

Todos os vistos foram obtidos em consulados brasileiros nos EUA, onde fui tratado com respeito e dignidade.

Recentemente, acompanhei um casal de brasileiros em entrevista para obtenção do visto de turista para os EUA. Conheço-os há anos e os acompanhei como amigo e facilitador, pois lhes ofereci estada em minha casa em Nova York. Era a segunda entrevista. Na primeira, em cinco minutos, o agente consular negou-se a examinar a documentação comprobatória da situação financeira e dos laços com a pátria natal. Em vinte e cinco anos de casamento, esse casal viveu uma vida de muito esforço, construindo o futuro de sua filha, que enviaram para a universidade — realizando nela o que não tiveram, pois abandonaram os estudos para trabalhar. Hoje, ambos com empregos estáveis, proprietários de um imóvel, contam com uma renda que lhes permite custear a viagem.

Para um americano, tem se tornado difícil viver no exterior, por conta da crescente onda de antiamericanismo.

Mas penso entender agora as raízes desse sentimento. O consulado do Rio negou a esse casal a mesma cortesia que me foi dispensada pelo consulado brasileiro. A recusa do visto teve como base o Art. 214B, que diz ser todo estrangeiro um imigrante em potencial, até provar ter laços estreitos com seu país de origem.

O julgamento coube somente ao agente consular, na entrevista. O artigo, de 1952, fere as leis americanas que asseguram inocência a todos, até prova em contrário.

Durante campanha, o presidente Obama prometeu transparência e responsabilidade. Porém, não há imputação legal para um agente consular. Ao inquiri-lo sobre as razões da recusa, a resposta apontou para uma nítida discriminação quanto à idade do casal e também pelo fato de nunca terem viajado para fora do Brasil, ocupados como estavam construindo o futuro da família. Enquadrados num perfil de possíveis imigrantes ilegais, sua documentação jamais foi examinada.

Se não estivesse presente, não teria acreditado que tal desrespeito pudesse acontecer. Onde está a transparência nas decisões dos agentes consulares? No site do Departamento de Estado dos EUA há dados curiosos sobre o percentual de concessões de vistos em diferentes consulados. O do Rio de Janeiro, em 2008, concedeu 13% menos do que em 1999. No mesmo período, o consulado americano de São Paulo concedeu 69% mais vistos do que o carioca. Além disso, as taxas cobradas pelo consulado americano, 131 dólares pelo visto e R$ 38 pela entrevista, não são devolvidas no caso de recusa.

Infelizmente, as promessas de responsabilidade e transparência feitas pelo presidente Obama não foram notificadas ao consulado do Rio. Como americano, pedi desculpas ao casal, cujo exemplo de perseverança não deveria ter sido enquadrado de forma tão preconceituosa.

Espero que não se tornem os mais novos antiamericanos.



James G. Smith é cidadão norteamericano residente no Brasil.


Publicado no jornal O Globo, 03 de março de 2009, Opinião - página 7