Achados e Perdidos

Minha foto
Nome:
Local: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil

Sonhadora


Reúno aqui, palavras, idéias e sentimentos. Se algum deles for seu e você não quiser que aqui estejam, me avise. Se algum deles for de alguém e estiver sem crédito, me conte. Espero que algum texto lhe toque assim como me tocou.


27 setembro 2009

São Cosme e Damião


Darcy Ribeiro

A falta que ele faz
Zuenir Ventura



Em boa hora Darcy Ribeiro volta à cena por meio de uma antologia de artigos organizada por seu amigo Eric Nepomuceno. Em 1997, escrevi: “Todo mundo quando morre faz falta para alguém, mas Darcy Ribeiro vai fazer falta para todo mundo, afetos e desafetos.” Cada vez mais. Os que o conheceram costumam repetir: “Ah, se o Darcy estivesse aí!” Não sei se o país seria diferente, mas a política certamente estaria menos mofina, porque ele soube conciliá-la com a ética, a erótica e a poética. Embora tenha deixado realizações como a Universidade de Brasília, 400 Cieps e o Sambódromo, prefiro lembrá-lo pelos seus gestos e atitudes. Ele era um iracundo, para usar uma categoria de que gostava tanto, ou seja, um ser em permanente estado de indignação e insurgência. Como disse a Eric, “nesta América Latina você só tem duas opções: se resignar ou se indignar. E eu não vou me resignar nunca”. Nem o câncer conseguiu transformá-lo em paciente. Foi um doente tão impaciente que chegou a fugir da UTI. Viveu em eterno gozo, mesmo em meio a longos anos de dor e sofrimento. Nunca se submeteu ao mal. Depressão, jamais. Darcysista, se achava não só o homem mais inteligente do país, como o mais bonito. Pelo número de “viúvas” que deixou, devia ter razão. Uma delas, no enterro, um funeral festivo e divertido, debruçou-se sobre o caixão e lamentou: “Ah, Darcy, como me arrependo de não ter dado pra você nas duas vezes que você me cantou!”Como antropólogo que viveu entre os índios kadivéu, achava que o Brasil era uma “usina de moer gente”, mas apostava no seu futuro: “Seremos uma Nova Roma. Melhor, porque lavada em sangue negro e em sangue índio.” Mas, para isso, seria necessário realizar uma “reforma agrária verdadeira” e incorporar todo o nosso povo à “civilização letrada”, o que, na sua opinião, seria impossível com a nossa “desastrosa invenção da escola de turnos”. A esse sistema ele atribuía grande parte de nossas chagas, como o abandono das crianças na rua.Empunhava sem pudor valores hoje anacrônicos como honestidade, entrega cívica e patriotismo: “Sou patriota à moda antiga, verde-amarelo, vibrante.” Desprezava os que desprezavam o Brasil, e citava os povos que deram certo por serem nacionalistas: “Os japoneses chegam a ser fanáticos, os alemães também e os norte-americanos, por igual, morrem de amor e de orgulho por sua pátria e por seu jeito de viver.” Lembrava Vinicius no apego às mulheres e à pátria, que o poeta chamava de “patriazinha” e ele, de “patrinha”.Ex-senador, não se conformaria em ver a Casa que dizia ser “melhor do que o céu” desmoralizar-se tanto. Nadando contra a corrente, Darcy Ribeiro foi o nosso mais encantador contraponto, o nosso mais charmoso contrapeso. Que falta ele faz!Vou estar fora nas próximas semanas. Bom descanso para vocês.


Publicado no Jornal O Globo, 23 de setembro de 2009

13 setembro 2009

Juan



Ainda falta "a foto"





Juan Almeida, uma doce lembrança

Em outubro de 2008 visitei Cuba e foram dias maravilhosos. Visitando o Quartel Moncada em Santiago vi uma foto de Juan Almeida que me marcou para sempre. Não tentei fotografar a foto pois imaginei que a encontraria como postal. Encontrei vários postais, todos lindos mas nenhum que reproduzisse a foto que tanto me encantou.

E hoje a notícia que perdemos Juan Almeida ... vida que segue.

E um motivo mais que especial para retornar à Cuba e Santiago. Tenho uma foto para fotografar!

Hasta la vista, compañero.

Juan Almeida

Comandante da Revolução Juan Almeida Bosque faleceu na sexta-feira
Luto oficial por sua morte



HAVANA, Cuba, 12 set (acn) Com pesar profundo, a liderança do Partido Comunista e Governo de Cuba informaram ao povo do falecimento do Comandante da Revolução e vice-presidente do Conselho de Estado Juan Almeida Bosque, que morreu com 82 anos de idade em Havana, às 23h30 do dia 11 de setembro, em conseqüência de falha cardiorespiratória.
Cuban News Agency

O anúncio foi feito por meio de um comunicado oficial emitido pela Secretaria política do Comitê Central do Partido Comunista cubano.


Almeida era um trabalhador da construção, que morava em uma vizinhança humilde de Havana quando decidiu aderir à luta contra o ditador Fulgencio Batista, que se apropriou do poder depois do golpe de estado de 1952.

Um ano mais tarde, já participava ativamente do movimento revolucionário e tomou parte no ataque ao quartel Moncada em Santiago de Cuba, onde foi preso.


Desde então, sempre esteve na linha de frente, juntamente com o líder da revolução cubana, Fidel Castro.

Almeida se tornou rapidamente uma importante figura militar entre os combatentes revolucionários. Foi nomeado chefe de um dos três esquadrões que faziam parte da expedição do iate Granma do México a Cuba e mais tarde foi nomeado comandante da terceira frente guerrilheira.

Após o triunfo da Revolução Cubana em 1º de janeiro de 1959, continuou a ser um líder revolucionário, importante elo na estrutura de governo e a política.

Além de sua transcendência político-ideológica, Almeida também era conhecido e amado pela sua sensibilidade humana e artística. Ele escreveu mais de 300 canções e uma dúzia de livros sobre história cubana.


Mais recentemente, Almeida foi nomeado Presidente da associação de combatentes da Revolução, onde concentrou suas últimas energias para fazer desta organização um bastião sólido e eficaz do país.

A causa de seus múltiplos e importantes méritos, o finado comandante recebeu várias condecorações e prêmios nacionais e internacionais, incluindo o título de Herói da República de Cuba e a ordem de Máximo Gómez.

De acordo com sua vontade, não serão expostos seus restos mortais. Juan Almeida Bosque vai ser enterrado com altas honras militares, no Mausoléu da terceira frente oriental Mario Muñoz Monroy, do qual foi fundador. O Mausoléu, onde jazem os corpos de outros combatentes da frente, está localizado em Santiago de Cuba.


Por sua vez o Conselho de Estado da República de Cuba declarou domingo, 13 de setembro, dia de luto nacional por sua morte. Neste dia, o povo cubano vai prestar homenagem a este querido combatente da Sierra Maestra.

O luto oficial terá lugar entre 08h00 e 20h00. Nesse espaço de tempo todos os edifícios públicos e instalações militares manterão bandeiras estandartes a meia haste.


Agência Cubana de Notícias
www.cubanoticias.ain.cu
ainportugues@ain.cu
http://www.cubanoticias.ain.cu/2009/0912fallecioalmeida.htm