Isabella
29 de maio de 2008.
Queremos e esperamos justiça por Isabella.
Beijos, Anjinho.
Palavras do diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), Aldo Galiano, no último dia 13:
"No domingo [30 de março] nós tivemos a certeza de que tudo indicava para o casal. A gente foi vendo que, se sobraram sete minutos e meio, seriam insuficientes para ter uma terceira pessoa"
"E a pessoa que entra em um lugar para roubar, vai roubar, não jogar ninguém pela janela."
O diretor disse que o fato que mais chamou sua atenção na atitude do casal foram os telefonemas feitos após o crime.
"Como pode uma pessoa que a filha caiu do jardim, está com vida ainda, ficar ao telefone ligando para o pai. E o marido ficar esperando quatro minutos e meio ela [a mulher] terminar o telefonema", afirmou.
O diretor do Decap rebateu críticas feitas pelo pai de Alexandre, Antônio Nardoni. O avô de Isabella disse que a Polícia Civil havia descumprido um acordo feito no momento da prisão de Alexandre e Anna Carolina, que incluiria o uso de carros com vidros escuros.
“Eu não faço acordo com preso. Preso vai onde eu quero”, disse Galiano sobre a viatura que transportou o casal para a prisão.
Parabéns!
Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL468026-5605,00.html
Sorriso de Isabella assombra o Brasil, diz 'Le Monde'
O sorriso de Isabella assombra o Brasil, diz uma crônica publicada na tarde de quarta-feira no site do jornal francês Le Monde.
O texto, assinado pelo jornalista Jean-Pierre Langellier (íntegra abaixo), diz que há várias semanas o Brasil parece "assombrado pelo sorriso de Isabella, assim como ficou a Inglaterra há um ano pelo sorriso da pequena Madeleine McCann, que desapareceu em Portugal e até hoje não foi localizada".
"O anúncio do crime provocou uma verdadeira comoção social em um país que bate os recordes de violência com 50 mil homicídios por ano", diz o diário francês.
A crônica busca explicar as razões pelas quais a história suscita tanta emoção do público e afirma que a principal delas está no fato de seus protagonistas "pertencerem a uma família de classe média, com a qual inúmeros brasileiros podem facilmente se identificar".
"(O interesse do público) É também em parte pelo fato do casal, que nega envolvimento na morte da menina, ter conseguido ficar solto durante várias semanas até ser preso no dia 8 de maio e ter concordado em dar uma longa entrevista a um programa de televisão de grande audiência".
Fermento
E é na mídia, afirma a crônica, que reside "o fermento para excitação popular".
"Os meios de comunicação alimentaram um clima de frenesi em torno do assunto. Para sua cobertura, a Rede Globo, maior do país, mobilizou em permanência 15 equipes de repórteres e cinegrafistas, três veículos de transmissão ao vivo e um helicóptero."
"O próprio presidente Lula ficou um pouco preocupado com tamanha atenção da mídia, a seus olhos, excessivos. Ao pedir prudência, Lula pediu que o casal não seja declarado culpado antes de ser julgado".
Jean-Pierre Langellier cita dados do ministério da Saúde, segundo os quais a cada dez horas uma criança com menos de 14 anos é assassinada no Brasil. Parte dessas mortes acontece dentro do contexto familiar, dizem as estatísticas.
"O caso Isabella dá aos brasileiros a ocasião de refletir sobre as causas dessa violência e aos meios de reduzi-la."
Especialistas ouvidos por Langellier afirmaram que além de seus principais motivos, como pobreza e dilaceramento familiar, "a violência dentro das casas faz parte da cultura brasileira".
"O castigo corporal continua, para muitos pais, um método pedagógico eficaz e legítimo. A duração da escravidão no Brasil - de mais de três séculos - e o caráter tardio de sua abolição (1888) desempenham também um papel na permanência dessa prática."
O sorriso de Isabella assombra o Brasil
Jean-Pierre Langellier
Uma boneca grande como uma criança está pendurada da janela de um edifício em São Paulo, na ponta de um fio mantido por um policial. Em uma sacada vizinha, outro policial filma a cena. Um pouco mais tarde, o pequeno manequim articulado se encontra sobre o gramado seis andares abaixo, no lugar exato onde a criança que ele representa, Isabella, 5 anos, caiu na noite de 29 de março, pouco antes de morrer.
No dia 27 de abril, domingo, milhões de brasileiros ficaram colados a seus televisores para acompanhar a reconstituição do drama. Ela duraria sete horas. A fim de poder trabalhar tranqüilamente, a polícia recorreu a grandes medidas. Cercou o quarteirão. Atiradores de elite vigiavam ao redor. O espaço aéreo foi interditado em um diâmetro de 3 quilômetros para impedir o vôo dos helicópteros da mídia. Barreiras de segurança mantiveram à distância uma centena de curiosos, alguns dos quais clamavam por vingança. Cerca de 20 membros de uma seita religiosa distribuíram folhetos ornados com a foto de Isabella e que condenavam seus assassinos à "justiça de Deus".
Pois trata-se de um assassinato, e sem dúvida o pior que se possa imaginar; segundo os investigadores, Isabella foi morta por seus pais. Sua madrasta, Anna Carolina Jatobá, 24 anos, a agrediu e estrangulou, e depois seu pai, Alexandre Nardoni, 29 anos, a atirou, ainda viva, do sexto andar.
A notícias desse infanticídio provocou uma verdadeira comoção social em um país que bate recordes de violência, com 50 mil homicídios por ano. Há várias semanas o Brasil parece assombrado pelo sorriso de Isabella, como a Inglaterra foi há um ano pelo da pequena Madeleine McCann, desaparecida em Portugal sem que se tenha encontrado até hoje sua pista. O interesse do público por esse caso, e sua repulsa, não parou de crescer por um motivo simples: o casal clama sua inocência, apesar dos diversos indícios que os apontam como culpados.
É inútil entrar nos detalhes da investigação. Basta saber que na noite da morte de Isabella o casal chegou tarde em casa de carro, com a menina e seus dois meio-irmãos, muito pequenos. Na garagem, a madrasta agride Isabella. Dois vizinhos ouvem um dos meninos gritar: "Papai, papai, faça-a parar!" Segundo o relatório do Ministério Público, o pai é o primeiro a subir ao apartamento, levando nos braços a filha, sem dúvida inconsciente, e com um ferimento sangrando. Ao chegar a um quarto, ele corta com uma tesoura a rede de segurança da janela e atira a criança.
A versão do pai é inverossímil. Ele pretende que o crime foi cometido por um intruso que entrou no quarto de Isabella durante os poucos minutos em que ele teria voltado à garagem. Diversas testemunhas afirmam que o casal muitas vezes se mostrou brigão e violento. Anna Carolina tinha o hábito de gritar, xingar e atirar objetos pelo apartamento.
Se, além da negação declarada pelos acusados, esse fato sanguinolento provoca tanta emoção popular é primeiro porque seus protagonistas pertencem a uma família de classe média, com a qual muitos brasileiros podem facilmente se identificar. É também porque o respeito à presunção de inocência e a habilidade dos advogados do casal permitiram que ele continuasse em liberdade por seis semanas -antes de ser finalmente encarcerado em 8 de maio- e desse uma longa entrevista a um programa de televisão de grande audiência.
Aí está o último fermento da comoção pública. A mídia manteve um clima de frenesi em torno do acontecimento. Para cobri-lo, a Rede Globo, a mais poderosa do país, mobilizou permanentemente 15 equipes de repórteres e câmeras, três veículos de transmissão ao vivo e um helicóptero. O próprio presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, se preocupou com a midiatização, no seu entender excessiva. Pedindo prudência, Lula lamentou que o casal "tenha sido declarado culpado" antes de ser julgado.
No Brasil, segundo os números do Ministério da Saúde, uma criança de menos de 14 anos é assassinada a cada dez horas. Uma parte desses crimes ocorre no contexto familiar. Segundo estimativas do laboratório de estudos sobre a infância da Universidade de São Paulo (Lacri), menos de 10% dos casos de violência física e psicológica chegam ao conhecimento das autoridades.
O caso Isabella permite que os brasileiros reflitam sobre as causas dessa violência e os meios de reduzi-la. Além das considerações gerais (pobreza, falta de educação, distúrbios familiares), os especialistas do Lacri lembram que a violência contra as crianças faz parte da cultura brasileira. O castigo corporal continua sendo para muitos pais um método pedagógico eficaz e legítimo. A duração da escravidão no Brasil -mais de três séculos- e o caráter tardio de sua abolição (1888) influíram na persistência desse preconceito.
Hoje o esforço se concentra na prevenção. Um "número verde" permite que qualquer pessoa indique anonimamente por telefone as agressões contra crianças que tenha presenciado. Em 2007 foram recebidas cerca de 2 mil denúncias desse tipo. Em 29 de março vários vizinhos da família de Isabella ligaram para o número de emergência. Mas era tarde demais. A menina acabara de morrer.
Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Fonte:
http://noticias.uol.com.br/bbc/reporter/2008/05/15/ult4904u544.jhtm
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/lemonde/2008/05/15/ult580u3079.jhtm
Meu pai também morreu em um 9 de maio ...
Lembro-me dele me chamando para ouvir o programa do Artur da Távola sobre Música Popular Brasileira na Rádio Tupi.
Saudade.
Vida que segue.
Descansem em Paz
09/05/2008 - 15h51
Artur da Távola morre aos 72 anos no Rio de Janeiro
da Folha Online
O ex-senador e jornalista Paulo Alberto Monteiro de Barros, conhecido como Artur da Távola, morreu nesta sexta-feira aos 72 anos no Rio de Janeiro, segundo informações da rádio Roquette Pinto. Ele sofria de problemas cardíacos.
Filiado ao PSDB, foi redator e editor em revistas e exerceu mandatos de deputado federal, de 1987 a 1995, e de senador, de 1995 até 2003. Em 1988, concorreu à Prefeitura do Rio de Janeiro, mas não foi eleito.
Leia abaixo a última mensagem postada em seu blog na internet em 4 de janeiro:
"Embora enfermo desde agosto de 2007, com risco de vida, nas breves oportunidade em que não esteve internado, o titular deste blog nele não mais pôde escrever. Ele ficou aberto sujeito à interferência de internautas que se comprazem em entrar em domínios alheios.
Embora não mais internado em hospital prossigo em tratamento doméstico e assim será por algum tempo. Nessas circunstâncias, peço desculpas a quem o procure. Ele está momentaneamente congelado por seu titular. Espero voltar na plenitude de minhas possibilidades dentro de dois ou três meses. E conto com sua compreensão."
Li às 16:55 em http://www.uol.com.br