Achados e Perdidos

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Local: Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brazil

Sonhadora


Reúno aqui, palavras, idéias e sentimentos. Se algum deles for seu e você não quiser que aqui estejam, me avise. Se algum deles for de alguém e estiver sem crédito, me conte. Espero que algum texto lhe toque assim como me tocou.


30 abril 2008

Oração - 27 de abril de 2008



O que em mim existe é o que me molda e me conduz...
Penso na presença de Deus, um Deus de amor, sempre ali, presente
Entre as muitas outras forças que me habitam e me seduzem.
Paro para rezar. Peço e deixo que seja Deus
A moldar-me e a conduzir-me neste preciso momento.



Retirado do site "Lugar Sagrado" (http://www.sacredspace.ie/?lang=pt)

28 abril 2008

Domingo com Drummond

Rio de Janeiro, 27 de abril de 2008.

Estive no Posto 6, Copacabana. Era noite.
Sentei-me ao lado de Drummond. E o beijei!
Finalmente!!!!!!!!!!!!!!
Não levei máquina fotográfica.
Ficará registrado apenas e eternamente em minha memória.

24 abril 2008

Isabella

Caso Isabella: a dor da falta de sentido
Quando vão mudar o Código Penal deste país?

Arnaldo Jabor


Tentei não ler sobre a morte de Isabella. Também evitei na época os detalhes do assassinato do menino João Hélio — na minha profissão há que selecionar horrores. Mas não consegui. Vi o desfecho do caso da menina morta. A tragédia não é só das vítimas, mas nós também sofremos para entender o mal incompreensível. Cresce aos poucos uma pele de rinoceronte em nossa alma, com o coração mais duro, ficamos mais cínicos, mais passivos diante da crueldade.

Como escreveu Oswaldo Giacoia Jr: “O insuportável não é só a dor, mas a falta de sentido da dor, mais ainda, a dor da falta de sentido.” Como entender que um pai e uma madrasta possam ter ferido, estrangulado e atirado uma menininha de 5 anos pela janela? Como entender a cara sólida e cínica que eles ostentam, para fingir inocência? Como não demonstram sentimento de culpa algum? Ninguém berra? Ninguém chora? Como podem querer viver depois disso? Como essa família toda — pais, mães, irmãos — se une na ocultação de um crime? Como o avô pôde dizer com cara-de-pau que “se meu filho fosse culpado, eu denunciaria”? Que quer esta gente? Preservar o bom nome da família? Mas são parentes ou cúmplices? Como podem os advogados de defesa posar de gravata e terninho e cara limpa, falando de uma “terceira pessoa”? Sei que eles responderiam: “Todos têm direito de defesa...”, mas como é que eles têm estômago? A polícia deu um show de bola pericial no caso Isabella, mas dá para sentir que nossa estrutura penal está muito defasada, com este espantoso crescimento da barbárie. Como se pode tolerar que um sujeito que foi condenado na semana passada somente a 13 anos por ter esquartejado a namorada, alegando “legítima defesa”, possa ficar em liberdade “até esgotar todos os recursos que a lei prevê”? — como disse o STJ? Como entender que aquele jornalista Pimenta das Neves, que premeditou o assassinato da namorada com dois tiros pelas costas e na cabeça, condenado já há seis anos, esteja em liberdade ainda, na boa? E aquele garoto que matou pai e mãe nos Jardins de SP e a família rica conseguiu esconder tudo? As leis de execução penal têm de ser aceleradas, as punições têm de ser mais temíveis, mais violentas, mais rápidas. Há um crescimento da crueldade acima de qualquer codificação jurídica.

Esta lentidão, este arcaísmo da Justiça é visível não só nos chamados “crimes de classe média”, como também na barbárie que galopa nas periferias. O Elias Maluco — lembram? —, aquele que matou o Tim Lopes com golpes de espada, estava em “liberdade condicional”, pois a lei concede isso ao “cidadão”. Que cidadão? O conceito de cidadania tem de ser revisto. Cidadania é merecimento. Surgiu na miséria do país uma raça de subumanos, sub-bichos que todos os dias degolam, esquartejam, botam no “microondas”, e são “cidadãos” — “tão ligados?”. Qual será o nome dessa coisa informe que a miséria está gerando? É uma mistura de lixo e sangue, uma nova língua de grunhidos, mais além da maldade, uma pura explosão de vingança. Não se trata mais de uma perversão do “humano”, mas de uma perversão do “animal” em nós.

“Ah... a lei é igual para todos...”, dizem os juristas de terno brilhante e bochechas contentes. Sim, tudo bem. Mas há novas formas de crime que têm de ser estudadas, e antigos direitos e penas têm de ser revistos. Os pensadores da Justiça continuam a tratar os crimes como “desvios da norma”, praticados por cidadãos iguais. Tem que acabar o tempo dos casuísmos, das leniências, das chicanas. Vivemos trancados num racionalismo impotente diante desse bucho indomável da miséria, do “Alien” que se forma como um monstro boçal nas ruas e periferias. Com o congestionamento de fatos tragicamente insolúveis, no beco sem saída da sociedade, vejo se formar um desejo crescente pelo horror, pela crueldade, quase que uma fome de catástrofe.

Não falo dos analfabetos desvalidos e loucos, mas os assassinos de classe média já têm o prazer perverso de fazer o inominável. E este casal de pedra, estes monstros? Será que vão se defender em liberdade, esgotando “todos os recursos da lei”, como o esquartejador com “justa causa” ou o assassino daquela menina morta pelas costas, livre e solto? Serão condenados a dez aninhos com atenuantes e macetes? Que acontecerá com eles, depois de estrangularem e jogarem a filha pela janela? A lei tem de ser mais temida, mais rápida, mais cruel. Esse vazio da Justiça explica o sucesso de filmes como “Tropa de elite” e até fantasias de linchamento em todos nós. Vejam as portas da cadeia onde estavam os dois assassinos.

E, por fim, por que tantos crimes contra as crianças? O caso do João Hélio, crianças decapitadas na Febem, crianças jogadas em pântano em Minas, crianças no lixão, aquela psicopata em Goiás que contratava meninas pobres para torturar, e mais: pedofilia, espancamentos, tudo... As crianças são fontes inconscientes de terror, de Herodes a Édipo e Moisés. O rei Agamenon matou sua filha Ifigênia para ter tempo bom em uma guerra. Que dizem os antropólogos dos rituais de matança de inocentes, como foi em nossa terra Pedra Bonita, que ficou vermelha do sangue? Em sociedades primitivas, o sacrifício de animais e o sangue de inocentes servem para afastar doenças, prever o futuro, saciando o ódio dos deuses. Será que matam nessas crianças de hoje o horror a um futuro que não há mais? Lamentamos uma harmonia ainda inexistente e almejamos que ela seja alcançada. É tão inútil usar as palavras racionalmente, diante da brutalidade deste “outro país” do crime e da miséria, que caio em desânimo: que adianta ficar os últimos 17 anos escrevendo em nome da “razão”? E perguntamos, horrorizados: “Por que eles fizeram aquilo?” Resposta: “Por nada...”


Publicado no Jornal O Globo, Segundo Caderno, 22 de abril de 2008

18 abril 2008

Isabella - 18 de abril de 2008





Querida Isabella,

Hoje é seu aniversário. Seis aninhos.

O que eu mais desejo não pode mais se concretizar. Eu desejaria nunca ter visto todas as suas lindas fotografias. Gostaria de não saber o quanto é lindo o seu sorriso. Não conhecer sua mãe Ana Carolina, sua avó Rosa, seu avô, seus tios e seus priminhos. Não saber em que escola você estuda. Eu queria não saber nada, absolutamente nada sobre você. Porque isso significaria que você estaria hoje comemorando seu aniversário, com festinha e tudo. Porque isso significaria que você não tivesse sofrido toda a crueldade e monstruosidade que sofreu e que não merecia. O meu maior desejo, e que não se realizará, é que a vida seguisse seu curso normal. Você crescesse, fosse sempre feliz. Tivesse seus filhos. Que você tivesse sido protegida por quem tem o dever e a obrigação de fazê-lo.

A vida pode ser muito dura. E eu está aqui escrevendo esta cartinha para você é uma prova disso. De como é difícil acreditar no seu humano. Seres que teoricamente seriam como nós mas que não se comovem, não sentem nada diante de um sorriso de criança. Que não se deixam tocar por um rostinho manchado de sengue de uma linda menininha desfalecida. Que têm sangue frio para limpar este rostinho antes de arremesar este corpinho sofrido e indefeso por uma janela no sexto andar de um prédio. Houve tanto tempo e oportunidades para arrependimentos. Ser cruel assim é antes de tudo uma questão de opção. E por isso, Minha Linda, eu peço perdão. Perdoe-nos.

Perdoe-nos porque há famílias que mais parecem guangues ou quadrilhas. Perdoe-nos porque há pessoas que fazem com que as vítimas se tornem os grandes culpados e até mais responsáveis do que os seus agressores e seus assassinos pelos atos de que foram vítimas. E na maioria das vezes, estas pessoas são profissionais respeitáveis e tidos como competentes.

Perdoe-nos porque não temos justiça. Porque temos impunidade. Porque ninguém pode ficar preso mais do que alguns poucos anos independente de quantos e quais crimes cometou e de quanto tempo foi condenado. Perdoe-nos pelos direitos humanos que só não valem para as vítimas, as pessoas decentes e honestas e as crianças indefesas.

Perdoe-nos por tudo.

Você sempre será lembrada e amada. Eternamente lembrada e amada. Viverá em cada coração dos que ainda são capazes de sentir, amar, se emocionar e se indignar.

Eu semprei terei você comigo. E sempre terei esta dor em meu peito. Dor de perplexidade, de indignação. Dor que a crueldade e a injustiça provocam e que só o sorriso de uma criança pode abrandar. Esta é mais uma cicatriz que marca meu coração.

Você é mesmo um Anjinho. Uma linda Estrelinha. O mais belo dos mais belos sorrisos.

Você está com Deus. E este é o nosso consolo.

Saudade Minha Linda Menininha ...

Com amor,

Tia Mírian

16 abril 2008

Lápis de cor - Fritz Utzeri






Quando eu era menino...
Fritz Utzeri


...no Paraguai, os presentes de final de ano eram distribuídos pelos Reis Magos. Papai Noel estava apenas começando a aparecer. Na tradição cristã, faz mais sentido presentear no dia de Reis. Não foi nesse dia que Baltasar, Gaspar e Melchior chegaram à manjedoura do Menino trazendo ouro, incenso e mirra? Ouro e incenso já conhecia, mas passei boa parte da minha infância cismado, imaginando o que poderia ser mirra, um verdadeiro mistério para mim.

Mas o dia de Reis é seis de janeiro e meu aniversário cai apenas alguns dias depois, o que me enchia de frustração. Afinal, o que seriam dois presentes acabavam, invariavelmente, transformados em um só. Ou num presente e numa lembrancinha. Eu morria de inveja dos meninos que faziam anos em julho, agosto, sei lá, ganhando dois presentes e passei anos desejando, secretamente, que os Reis Magos me trouxessem uma linda caixa de lápis de cor. Sonho vão. Tive várias caixas de lápis Johan Faber ao longo de minha vida escolar, umas abriam revelando araras e, com 12 cores, índios e cachoeiras... Ou seriam imagens de São Paulo? Mas não eram as caixas de meus sonhos.

Havia outra marca de lápis. Esta trazia o meu nome: Fritz Johansen, e nunca me conformei pelo fato dos lápis Faber terem mais prestígio do que os meus lápis. Faber ou Fritz, eles nunca chegaram como presente de dia de Reis ou de Natal, quando Papai Noel já dominara a festa e o 25 de dezembro afastara um pouco mais o primeiro presente do segundo, mas nunca o suficiente no entender do menino bobo que eu era.


Logo deixei de acreditar em Papai Noel e em muitas outras coisas. Pelo caminho, à medida que crescia, meus medos e meus refúgios de menino foram me abandonando. Um a um: fantasmas, lobisomens, mulas sem cabeça, vampiros, capetas, santos, anjos... Foram-se todos, sumiram junto com os velhos brinquedos usados, quebrados ou desmontados. Mas a caixa de lápis de cor permaneceu. Às vezes, já adolescente, ainda sonhava que acordava e a encontrava debaixo da cama.


Mais tarde, adulto, numa viagem, vi a primeira caixa de lápis de cor Caran d'Ache. Eram dezenas, alinhados e em cores tão fascinantes como não vira até então. Havia até lápis dourado e prateado! A lata em que estavam acondicionados tinha as montanhas da Suíça na tampa. Um tesouro! Perguntei o preço e me assustei. Estava fora de minhas possibilidades. O desejo ficaria, mais uma vez, adiado.


Os anos passaram, casei, os filhos vieram e meu filho mostrou, desde menino, grande aptidão para o desenho. Comecei a comprar lápis de cor em grande quantidade para estimular a sua vocação, lápis de cera, Crayola, coisas de lojas de desenho de Nova Iorque e Paris (morávamos lá quando eu era correspondente do JB). Eram lojas fabulosas, mas a presença das caixas de lápis de cor, ali, oferecidas, pareciam inibir o meu desejo. Não comprei.

Passaram-se mais alguns anos. De volta ao Brasil, não sei direito se contei o sonho de menino a meu filho Pedro (se contei, esqueci), mas um dia, vindo de Cannes, onde fora participar do Festival de Cinema Publicitário, chegou com um embrulho do tamanho de uma maleta 007 e deixei-o sobre a minha mesa sem dizer nada. Abri o embrulho e não acreditei. Lá estava a maior caixa de lápis de cor que ja vira. Toda em madeira, com gavetas e gavetas cheias de todos os matizes possíveis, com todos os pigmentos do mundo. O Rolls Royce das Caran d'Ache. A caixa de meus sonhos de menino. Uso-a com muito ciúme, cuidado e parcimônia. Tenho medo à medida que os lápis vão ficando menores. É como se o encanto daquilo pudesse ir se apagando aos poucos. Abro, fico olhando, e é tão bonito que dá pena usar. Ela reaviva sonhos e fantasias. De ficar ao ar livre desenhando e pintando paisagens. Serei ainda capaz?

De qualquer forma, foi o melhor presente que ganhei, depois de meus dois filhos, Pedro e Ana, e de um par de pequenos cachorrinhos de louça, que Liège (minha mulher) e eu compramos, juntos, nas Lojas Americanas, bem no início de nosso namoro. São duas minúsculas pecinhas, de alguns ralos cruzeiros, que nos acompanham há exatos 42 anos e simbolizam toda uma vida de amor. Neste domingo, Papai Noel já passou pelo Natal e os Reis Magos ainda estão seguindo a estrela guia que os levará, com seus presentes, ao Menino da Esperança. Para todos, todos vocês, o que desejar senão muito amor, muita paz e felicidade em 2004?



Publicado no Jornal do Brasil em 28 de dezembro de 2003

07 abril 2008

Leminski





“Lembrem de mim como de um que ouvia a chuva
Como quem assiste missa
Como quem hesita, mestiça,
Entre a pressa e a preguiça."


"Acordei bemol
Tudo estava sustenido
Sol fazia
Só não fazia sentido.”



Paulo Leminski

04 abril 2008

Isabella

Desde o último sábado que estou totalmente envolvida com o trágico e cruel assassinato desta menina. Leio tudo, vejo as fotos. Estou totalmente arrasada, chocada, revoltada, doída. Mas ao ler a matéria que se segue, tudo veio abaixo. Como pode haver tamanha crueldade? Como um ser infeliz deste consegue proseguir depois do primeiro ato de maldade? Tudo leva a crer que a pequena foi jogada pela janela numa tentativa de esconder a tentativa de asfixia e as outras agressões. Há coisa mais monstruosa do que um segundo crime para encobrir o primeiro? Uma encenação depois? Nada, nada de arrependimento? Nem coragem de assumir o que fez? Ser tão mau assim, tão cruel assim, é antes de tudo, uma questão de escolha. Opção. Cadê os direitos humanos das vítimas?

Acredito em Deus. Acredito nos seres humanos. Mas nesta última semana tive mais uma vez a certeza que minha crença diante de tanta maldade fraqueja. Por quê? Por que um anjinho tão inocente tem que sofrer assim? Não consigo nem mais escrever. É tudo somente dor, dor, dor.

Isabella Querida, nos perdoe.






04/04/2008 - 12h21

Para promotor, depoimentos do caso Isabella apresentam contradições
Da RedaçãoEm São Paulo*


Atualizado às 14h31


Os depoimentos do casal Alexandre Carlos Nardoni e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá apresentam contradições com versões de testemunhas ouvidas pela polícia, no caso da menina Isabella, de 5 anos, morta no último sábado, segundo o Promotor de Justiça, Francisco Cembranelli.

Em entrevista coletiva concedida em São Paulo, o promotor chegou a afirmar que existem trechos "bastante fantasiosos" nos depoimentos do casal. "Não posso comentar o conteúdo, mas posso dizer que algumas versões já foram rechaçadas pelas testemunhas", disse.

O promotor disse que será necessária uma acareação entre o pai da menina, a madrasta e outras testemunhas. O promotor, entretanto, não forneceu outros detalhes sobre a acareação.

A prisão temporária de Alexandre e Anna Carolina foi feita para evitar contato com testemunhas e local de moradia e sanar pontos obscuros da investigação. "O casal solto poderia comprometer a investigação de fatos importantes", explicou.

O casal está preso preventivamente, em celas isoladas, por proteção. O isolamento foi uma precondição exigida pelos advogados do casal para que se apresentassem à polícia, atendendo ordem judicial. Anna Carolina está no 89º Distrito Policial, no Morumbi, zona sul da capital paulista, e Alexandre, no 77º Distrito Policial, em Santa Cecília, centro de São Paulo.

Cembranelli revelou alguns detalhes que estão sendo investigados pela polícia. Um deles é uma contradição de Alexandre, que no dia do crime afirmou que a porta de sua casa havia sido arrombada. A polícia não encontrou nenhum sinal de arrombamento. Além disso, o promotor também contou que testemunhas ouviram uma briga de casal momentos antes da morte da garota.

Acidente descartado

O Ministério Público descarta a hipótese de acidente e considera clara a existência de um crime.

Para Cembranelli, tanto a polícia quanto o Ministério Público estão sendo cautelosos e que ainda é muito cedo para atribuir a responsabilidade do crime a alguém. O trabalho de perícia está quase concluído, mas 30 testemunhas ainda serão ouvidas. "Os laudos sendo elaborados e acredito que não haverá demora na conclusão", afirmou.

Vestígios de sangue

Investigadores da polícia revelaram que vestígios de sangue foram encontrados por uma equipe do Instituto de Criminalística (IC) dentro do Ford Ka do casal Alexandre Carlos Nardoni e Anna Carolina Trotta Peixoto Jatobá e no apartamento no 6º andar do edifício Residencial London - de onde a menina Isabella, de 5 anos, teria sido jogada. O delegado titular do 9º DP, Calixto Calil Filho, trabalha com a hipótese de homicídio, apontando que há fortes indícios de que a criança tenha sido arremessada por alguém.

Foram encontradas marcas de sangue na maçaneta da porta da sala e no hall de entrada. Também foram coletados fios de cabelos que estavam no chão da sala e peças da roupa que Alexandre usava naquele sábado que estavam no banheiro do apartamento ao lado, que pertence à irmã dele. Ainda não se sabe de quem e de quando são as marcas de sangue, que serão agora analisadas por meio de testes de DNA.

Os policiais acreditam que essas evidências irão compor um cenário mais preciso do caso para responder às muitas questões que não foram explicadas pelos depoimentos. Os peritos também conseguiram determinar que o sangue encontrado no dia do crime no lençol do quarto em que a menina teria sido deixada dormindo caiu de alguma pessoa que estava em pé ou sendo carregada.

Os peritos procuraram por provas no apartamento das 20h30 de quarta-feira até 1 hora da madrugada de quinta-feira. Eles usaram um composto químico conhecido como luminol - em contato com sangue, ele reage e libera uma luz verde ou azulada, indicando marcas de sangue que seriam imperceptíveis a olho nu. Segundo um investigador, a polícia ainda não tem outros suspeitos do crime além do casal.

Laudo deve confirmar asfixia

O rascunho do laudo 1.081, que será feito pelo médico Laércio de Oliveira Cesar com o auxílio de dois colegas, reforça a tese que a Isabella foi asfixiada por esganadura ou sufocamento e teve um osso da mão esquerda quebrado, provavelmente por meio de uma torção. Legistas consultados pelo Jornal da Tarde disseram que os indícios de asfixia são cinco. O primeiro é uma lesão cervical importante, que pode ter sido provocada com as mãos no pescoço (esganadura) ou com a mão ou algum outro objeto cobrindo a boca e o nariz (sufocamento).

No pulmão, os exames constataram manchas de Tardieu e Paltauf - lesões provocadas pela asfixia. Havia ainda pequenas manchas vermelhas no coração (chamadas de petéquias), e as extremidades dos dedos da menina estavam arroxeadas. Por fim, a língua de Isabella estava entre os dentes. Todos esses são sinais de asfixia.

No caso do osso da mão, a lesão teria ocorrido por torção, e havia sinais de que a fratura ocorreu quando a garota estava viva. Além disso, foi encontrada pequena hemorragia no cérebro. "Isso é comum nos casos do que chamamos de síndrome de criança espancada", disse um legista.

No corpo, havia um machucado no antebraço direito, como se ele tivesse enganchado na tela de proteção da janela ou como se ela tivesse tentado se agarrar. Por fim, havia um corte na cabeça. Não havia hemorragia interna importante no tórax ou no abdome. A inexistência de fraturas na criança, apesar da queda do 6º andar, é explicada pelo local em que ela caiu (gramado do jardim do prédio) e pela flexibilidade dos ossos infantis. Para o legista, a queda provocou a parada cardíaca.


*Com informações da Agência Estado
Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/2008/04/04/ult23u1712.jhtm